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Padecer


Sinto
e pouco lembro
dos dias sem dores.
Minhas recordações passam por inflamações, injeções
infecções e analgésicos.
Anestesio-me com doses de morfina e de álcool.
Minha mente desacelera,
A dor passa por instantes.
Me envolvo em devaneios e desmaios.
Recomponho-me e pego o cigarro.
Mortalha, fino, papel, palha.
Os suaves efeitos da nicotina.
Esqueço a dor,
meu corpo dormente adormece.

Poema para um amor (III)


Quero amá-la na janela
para verem como é belo
seu sexo no meu.
Quero tocá-la de mansinho
num cantinho, para sentir
seu corpo derretendo em mim.

Quero a boca em minhas pernas
tornando a carne trêmula
Subindo a língua nos lábios molhados.
Unhas vermelhas no tecido branco que cobre o sexo.

Membros erguidos.
Suores, sentidos em sentido horizontal.
A chuva batendo no vidro
no fim do corredor estreito.
As marcas no pulso
o fluxo sanguíneo e a pulsação.

Quero que pulse,
vibre,
dance uma melodia dentro de mim.