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Poema para Juliana

Nunca imaginei que o amor pudesse chegar nos olhos castanhos de Juliana.
Eram intensos, baixos e cheios de Sol, de só, de ré,
De pura música.
Olhos de cantar Caetano...

A poesia desenhada sob o azul do alto inverno.
Assim descreveria as curvas dos seus cabelos,
Que soltos pareciam transcrever a luz.
Ela quando me tocou pela primeira vez foi por acaso.
- Eu que não sou de acasos, risco folhas por ela. –

A Juliana tinha cheiro de chuva no fim da tarde,
aquelas chuvas do campo que são acompanhadas pelo som dos grilos e das estrelas se escondendo no céu.
 - Tudo bem, as estrelas não produzem sons, mas a imagem dela no meu rosto muda os sentidos. Talvez nem faça sentido... –
Eu por ela tive apego, apreço e pressa,
Daquelas que se tem quando o estômago rói.
Borboletas roíam todo meu corpo.
Animais coloridos podiam sair dos seus lábios
Que para mim certamente tinham aroma e sabor de amoras frescas e mel.

O mel que traduzia a pele e o doce escondido.
Escondi-me, mas desejo Juliana!

(M.B.)

Há mar Lúcia

Era fato que não amava Lúcia,
mas apenas seu sorriso prendia-me em 
pensamento.
Outrora me disse que no mar os pássaros eram assassinos ferozes.
Era comum vê-la a contar do alto das falésias
os peixes perdendo-se 
dos cardumes e pondo-se a voar,
faziam-no sem asas.

Ela quando via o horizonte cismava em deixar soltos os fios e os pés.
Pedia-me que citasse Byron e acompanhasse em um vinho.
Era sábio recusar, mas me fazia disponível à todos os seus convites.

(M.B.)