envelhecidos.
O pobre escritor descansa seu cigarro nos lábios
enquanto pensa no tempo que perdeu com palavras.
A noite cinzenta, com Luas laranjas.
Chuva artificial que crio quando escrevo.
Crio e creio.
Me perco entre a fumaça e a neblina.
Ouço no som vozes roucas
e latidos vindos das pequenas vilas.
Nas janelas das favelas vejo luzes
que seguem em ruas paralelas.
Fundem-se com as estrelas azuis amarelecidas.
Fumaça, foice e figos.
Na rede espero os que sobem os morros com máscaras.
Movimentos sexuais, contínuos.
Sintomas singelos.
Agora apagam-se as luzes
o velho escritor se recolhe.
A rede é fria, os corpos se separam
e os pássaros agora cantam em sintonia.
Poeta perdido, palavras soltas.
Não sabe que não acordará amanhã.
(M.B.)